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2 poemas de Lucas Pimentel

por Lucas Pimentel
Foto de Anna Carolina Rizzon para ilustrar os poemas de Lucas Pimentel.

Lucas Pimentel, morador da capital paulista a vida toda, tem 27 anos e é formado em Gestão de Marketing. Procura construir com a poesia espaços onde traumas e ausências são transformados em arte. Nunca conheceu sua linhagem tão a fundo, então sua escrita visa preencher essa lacuna genealógica enquanto escava seu inconsciente atrás de respostas. 


Bauhaus, Parte II

Eu prometo soterrar covas
Com coelhos clandestinos
Eros em apuros se esvai
Para dentro desta condição

Pulsão cavalar
Coices e vaidades
Conspiração em adagas solúveis
Desassociadas de traições

Você se pinta de corretivos
Você se distrai com ouro
Você dissimula discursos
Estás pronto, ao primeiro mundo

A angústia abafada desta cidade
Me engole também, me força contra
Minha própria visão decepada
Eis a rinha entre deuses de cristais e o louva-a-deus

Eu sou a boca teatro à espera dos atores
Eu sou a besta arranhando a palma dos teus olhos
Eu sou a vitória que solve tua beleza enferma
E escorre o carbono em cada prática de abandono

A mariposa talhada em teus retratos
Orbitando a ideia dos teus movimentos
Tudo se concerta enquanto erro
Moscas decoram tua virilha

Invoco Narciso e seus açoites
Soterrando dedos em demônios de gesso
Depois de mil noites, meu apelo é a Fausto
Me conceda o sentido anti-horário de tuas lanças

Abutres, perdoem minha noite
Não tenho mais as fezes desse país
Em mim, há a febre e gargantas ensolaradas
Me autodestruo dentro dos teus lábios


Contradanças/Contravontades

Eu não vejo verdade em meus olhos
Mesmo que insista, mesmo que minta
Esbarro em densos véus de plástico
E um cheiro da quentura na minha boca

Tuas mãos dentro do meu pulmão
Eu me arrasto por toda a noite
Cantando verborragias em estômagos
A céu encoberto de metal e açúcares

Eu desapareço entre teu nome
Eu desapareço com dragões de papel
Eu desapareço nas voltas do moinho
Eu desapareço quando me cospe no chão

Desconheço tua vinda
Teu corpo sob o meu, uma idealização
Eu canto as notícias felizes entre beijos
Porém são mentiras santas

Eu poderia me esconder entre teus algozes
Mas o teu perfume me encontraria
Sorrateiro, me arrastaria para fora de véus
Atiçando minha fome, contemplando minha nudez

Aos meus assombros, eu insinuo meu sexo
Eles têm sinônimos de tua autoridade
Eles performam tua silhueta e voz
Eles me cantam você, enquanto me entrego

Serpentes lutam contra meus dentes
Envenenam meus sonhos com hostilidade
Me cantaram humor borrado de tragédia
Temi outra vez o teu silêncio

Convidaram-me aos teus castelos eternos
A cantar cores invisíveis para dentro dos teus olhos
A noite que derretia teu riso fácil sobre mim
Pois sabia que eu lhe buscaria em seu feitiço sintético


Foto de Anna Carolina Rizzon.

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